Em 2014, o DMS-5 trouxe algumas mudanças e todos os autismos passaram a ser denominados como transtono do espectro autista (TEA).
Conforme o “Centers for Disease Control and Prevention”, cerca de uma em cada 54 crianças apresenta TEA. No Brasil, não temos uma estimativa, mas usamos essa referência mesmo. O que quer dizer que, considerando a população do nosso país em 211 milhões, teríamos em torno de 3,7milhões de pessoas com autismo.
É muito, né? É provável que alguns de vocês conheçam alguém ou tenham alguém na família que é autista.
Cadê todo esse povo?
Por curiosidade, digitei no PUBMED (plataforma de busca de artigos científicos) a palavra “autism” e, no último ano, encontrei 6447 resultados. Os estudos relacionados aos transtornos do espectro autista (TEA) aumentaram consideravelmente e, consequentemente, temos maior divulgação no meio acadêmico.
Apesar disso, ainda temos muitas perguntas sem respostas e muita dificuldade no diagnóstico. Isso acontece porque os sintomas variam em gravidade de acordo com o indivíduo.
Os TEA são uma condição que, embora tenha bases genéticas e neurobiológicas envolvidas, ainda não existe um teste preciso para o diagnóstico. Dito isto, o diagnóstico é baseado em protocolo clínico orientado pelo comportamento do indivíduo e suas relações interpessoais.
Muitas pessoas com TEA apresentam sintomas leves, sem atraso de linguagem, ou conseguiram adaptar alguns comportamentos para se assemelhar ao neurotípico (abreviação de neurologicamente típico, termo usado para os que apresentam o desenvolvimento normal).
Chama atenção a menor presença de TEA em meninas. Ainda há muito para ser melhor estudado e muitas teorias estão sendo testadas. Uma das teorias que eu mais acredito é que meninas com perfil autista conseguem modificar mais o comportamento do que os meninos.
Perceber as nuances singulares relacionadas com a adaptação depende da experiência do investigador, o que pode atrasar o diagnóstico.
TEA é uma deficiência?
Você deve estar pensando nisso agora. A resposta é sim.
Os TEA são uma deficiência do desenvolvimento que podem persistir e variar ao longo da vida. Caracterizam-se por:
- Déficits na comunicação e interação social;
- Presença de padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividade.
Diagnóstico de Autismo transforma criança em adulto independente
Em revisão, alguns estudos identificaram que apenas 3-27% das pessoas com TEA são capazes de viver de forma independente quando adultos.
Outros estudos foram capazes de mostrar que crianças com autismo, quando inseridas em programa de intervenção comportamental, podem reduzir os sintomas, embora algumas dificuldades possam ainda estar presentes.
Daí a importância do diagnóstico na infância e o mais precoce possível.
E o pediatra nisso?
Durante as consultas de rotina, que ocorrem ao longo dos anos, seu filho é avaliado quanto ao desenvolvimento neurocomportamental. Dependendo da gravidade, as alterações relacionadas aos TEA podem ser observadas já no primeiro ano de vida.
O pediatra é o grande parceiro na triagem do diagnóstico dos TEA. Um especialista devidamente treinado pode auxiliar no diagnóstico precoce e mudar a evolução da manifestação clínica.
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As informações contidas nesse site são unicamente informativas e não tem a intenção de constituir ou substituir uma consulta médica.
Referências
Data & Statistics on Autism Spectrum Disorder | CDC
Diagnostic tests for autism spectrum disorder (ASD) in preschool children (nih.gov)
Diagnostic Evaluation of Autism Spectrum Disorders (nih.gov)
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