Sabemos que nosso cérebro é um órgão muito complexo e seu funcionamento e suas estruturas estão interligadas. Nele em que são processados nossa inteligência, nossas emoções, nossas percepções e reações.
Inteligência e neuroinflamação
Em estudo recente foi avaliado a relação entre o estresse, inteligência emocional, quociente de inteligência e citocinas.
De forma simplificada, os pesquisadores identificaram que a inteligência emocional maisalta está relacionada ao quociente de inteligência mais alto, e que embora o estresse reduza a inteligência emocional, ele não conseguiu influenciar o quociente de inteligência, ao menos não a curto prazo.
Algo que me chamou atenção foi que o quociente de inteligência e a inteligência emocional são maiores na presença de citocinas anti-inflamatória e menores na presença de citocinas pró-inflamatória). Além disso, níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias está relacionado ao estresse.
O que acontece no cérebro com a neuroinflamação?
Citocinas são proteínas secretadas em situações inflamatórias agudas e crônicas pelas células de defesa do corpo, incluindo os mastócitos.
Em seus níveis basais, as citocinas sinalizam para o cérebro e atuam na regulação do sono e nas funções neuroendócrinas (estresse, por exemplo). Em situações em que seus níveis estão elevados (infecções e traumas, por exemplo), promovem plasticidade neuronal, ou seja, modificações funcionais e até estruturais no cérebro, que podem se tornar duradouras, conforme a persistência da inflamação.
A neuroinflamação melhora?
Acredita-se que, no caso de situações agudas, a recuperação cerebral pode ser reversível. No caso da cronificação é possível evoluir para comprometimento cognitivo permanente, que pode variar de leve até demência.
Hipermobilidade e inflamação
Quem tem hipermobilidade, tem uma associação aumentada com a desregulação dos mastócitos. Para essa população, as respostas imunológicas costumam ser mais exacerbadas. Alterações simples no corpo, como disbiose, por exemplo, podem perpetuar o estímulo para a ação mastocitária e consequente elevação mantida dos níveis de citocina.
Um dos motivos pelo qual sempre avalio a síndrome de ativação de mastócitos nos meus pacientes é ponderando estabilizar a inflamação e, consequentemente, prevenirmos, situações que, a longo prazo, podem reduzir qualidade de vida.
Inflamação e COVID-19
Desde 2019, temos visto um aumento das queixas relacionadas fadiga física e mental, brain fog com dificuldade de concentração e de memória em crianças e adolescentes, associados à COVID-19. O vírus SARS-CoV-2 promove, dentre outras coisas, a ativação do sistema imunológico, desencadeando a cascata de inflamação e, com ela, liberando altos níveis de citocinas por longo tempo.
Em estudo recente, postulou-se que a neuroinflamação gerada pelas citocinas em diversas partes do cérebro, interrompe seu funcionamento, reduzindo o metabolismo com consequente comprometimento cognitivo.
Além disso, a presença do SARS-COV no cérebro potencializa a neuroinflamação, o que pode levar ao desenvolvimento de sintomas neuropsicológicos (depressão, retraimento social).
Procure um médico para te ajudar
O mais importante quando se instala os sintomas é que, a criança ou o adolescente, seja avaliado e encaminhado para a reabilitação cognitiva. Também é possível o uso de terapia medicamentosa, que poderá contribuir para a melhoria dos sintomas.
Texto escrito por
Dra Kaliny Cristine Trevezani de Souza – CRMDF 20469
As informações aqui contidas são meramente educativas e não têm a intenção de configurar consulta médica. Em caso de necessidade, agende um atendimento.
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