Seletividade alimentar: Como lidar e compreender esse comportamento em crianças e adolescentes
A seletividade alimentar é um desafio comum para muitos pais, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes com condições como autismo e hipermobilidade. Este comportamento, que vai além do simples “não gostar” de certos alimentos, pode causar grande preocupação para as famílias e dificuldades no cotidiano. Neste post, vamos explorar o que é a seletividade alimentar, suas causas, como lidar com essa questão e quando é necessário buscar ajuda profissional.
O que é Seletividade Alimentar?
A seletividade alimentar é caracterizada por uma preferência extrema por um número limitado de alimentos e a rejeição de uma ampla variedade de outros. Crianças seletivas muitas vezes comem os mesmos alimentos repetidamente, resistindo a experimentar novos sabores, texturas ou até mesmo cores de alimentos. Em casos mais severos, essa restrição pode levar a deficiências nutricionais e afetar o desenvolvimento saudável.
Principais causas da Seletividade Alimentar:
- Aspectos sensoriais: Crianças com hipersensibilidade sensorial, comum em casos de autismo, podem achar certas texturas, cheiros ou sabores extremamente desconfortáveis ou até insuportáveis.
- Experiências negativas: Uma experiência negativa, como engasgar ou ter dor de barriga após consumir determinado alimento, pode levar à aversão a esse e alimentos semelhantes.
- Rotinas e rigidez cognitiva: Algumas crianças, especialmente aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), podem ter uma forte preferência por rotinas, o que se reflete também na alimentação.
- Desenvolvimento típico: Durante a infância, é comum que as crianças desenvolvam preferências alimentares mais restritas, mas para algumas, isso se torna uma questão duradoura.
Como identificar a Seletividade Alimentar?
A identificação da seletividade alimentar não se baseia apenas na recusa ocasional de um alimento. Aqui estão alguns sinais que podem indicar um comportamento alimentar seletivo:
- Preferência marcada por certos alimentos: A criança insiste em comer os mesmos alimentos todos os dias, rejeitando outros com veemência.
- Recusa a experimentar novos alimentos: Quando novos alimentos são apresentados, a criança pode reagir com nojo, raiva ou ansiedade.
- Restrições severas em textura e cor: Algumas crianças comem apenas alimentos com texturas específicas (por exemplo, apenas alimentos crocantes) ou evitam alimentos de certas cores.
- Dependência de refeições simples e repetitivas: A alimentação é limitada a poucos pratos ou tipos de alimentos, muitas vezes com preparo e apresentação idênticos.
Como lidar com a Seletividade Alimentar?
Lidar com a seletividade alimentar requer paciência, consistência e algumas estratégias específicas:
- Apresente novos alimentos gradualmente:
- Comece com pequenas porções de um novo alimento ao lado de alimentos familiares.
- Não force a criança a comer, mas incentive-a a experimentar, elogiando qualquer progresso.
- Respeite as preferências sensoriais:
- Identifique as texturas e sabores que a criança prefere e procure introduzir novos alimentos dentro desses parâmetros.
- Para crianças sensíveis a texturas, tente preparar os alimentos de maneiras que mantenham a textura preferida (por exemplo, assado para crocante).
- Mantenha um ambiente alimentar positivo:
- Evite brigas e conflitos durante as refeições. Torne a hora das refeições um momento positivo e sem pressão.
- Crie rotinas alimentares previsíveis, mas sem rigidez excessiva.
- Involva a criança no preparo das refeições:
- Deixe a criança ajudar a preparar as refeições. Participar do processo pode aumentar a disposição para experimentar novos alimentos.
- Utilize recursos visuais e histórias:
- Para crianças com autismo, usar recursos visuais, como histórias sociais ou cartões de alimentos, pode ajudar a introduzir a ideia de novos alimentos de maneira menos ameaçadora.
Quando buscar ajuda profissional?
Embora a seletividade alimentar possa ser comum, em alguns casos, é importante buscar ajuda profissional:
- Prejuízo nutricional: Se a alimentação restrita está levando a perda de peso, crescimento inadequado ou deficiências nutricionais, consulte um nutricionista ou pediatra.
- Impacto na vida diária: Se a seletividade alimentar causa estresse significativo na vida familiar ou interfere com a capacidade da criança de participar de atividades sociais, é importante buscar orientação.
- Questões emocionais relacionadas: Quando a alimentação seletiva está ligada a ansiedade, depressão ou outros problemas emocionais, o suporte de um psicólogo pode ser necessário.
Conclusão: Compreensão e paciência são essenciais
A seletividade alimentar pode ser uma fonte de frustração e preocupação para os pais, mas com paciência e as estratégias certas, é possível ajudar a criança a ampliar seu repertório alimentar.
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Dra. Kaliny Cristine Trevezani de Souza
Médica Pediatra
CRMDF 20469 | RQE 12424
Veja também: Como Transtornos Sensoriais afetam crianças e adolescentes
Bibliografia
1. Relationships between feeding problems, behavioral characteristics and nutritional quality in children with ASD.
2.Feeding and eating behaviors in children with autism and typically developing children.
3. Clinical differences in children with autism spectrum disorder with and without food selectivity.
4. Food selectivity in autism spectrum disorders.
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